Estadão: Diretor Executivo do MEDX fala sobre telemedicina

Em entrevista concedida ao Estadão no dia 11 de agosto, Dr. Carlos Lopes, CEO e diretor executivo do MEDX fala sobre o que podemos esperar da Telemedicina nos tempos de pandemia e no pós pandemia.

Confira a entrevista a seguir:

“Que toda grande crise traz oportunidades é um fato inquestionável. Nas grandes crises mundiais ocorridas após a gripe espanhola de 1918 (crise de 29, Segunda Guerra Mundial, ataques terroristas de 11 de setembro, bolha imobiliária de 2008 e agora o COVID-19 – SARS-COV2) o aprendizado decorrente da crise trouxe mudanças significativas na nossa vida. Mas talvez a crise de saúde atual traga mudanças sem precedentes na educação, no trabalho e principalmente na saúde.

Para exemplificar como a crise de saúde catapultou a velocidade da adesão de teleatendimento em saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) levou praticamente 16 anos (de 2002 até 2018) para regulamentar a telemedicina e durou apenas dois meses de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019.

Trazendo para 2020 podemos dizer que na área médica, o CFM levou 18 anos discutindo telemedicina sem chegar a uma regulamentação – e tudo isso foi atropelado em 40 dias pelo COVID 19: em pouco mais de um mês, duas portarias do Ministério da Saúde e posteriormente uma Lei (a 13.989 de abril de 2020) tornou e regulamentou a telessaúde (não só para medicina mas para todos os profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos entre outros) e enquanto perdurar a crise de saúde no Brasil.

Essa urgência e velocidade em viabilizar a telessaúde gerou uma corrida para uso de ferramentas de comunicação online para atender os pacientes, tirar dúvidas, identificar risco de sintomas de COVID 19 – a corrida se estendeu também no segmento de certificação digital uma vez que se tornou necessário assinar digitalmente documentos na parte de saúde (como atestados, pedidos de exames e receitas médicas de forma que tivessem validade jurídica).

Não há dúvidas que a telessaúde chegou de urgência e veio para ficar. Nos EUA antes do COVID apenas de 11% da população já havia feito algum tipo de atendimento em saúde a distância (apesar de lá, ao contrário daqui a telessaúde já estar regulamentada há bem mais tempo) tendo pulado para mais de 46% no início da pandemia. Estima-se que lá o COVID 19 levou o serviço de telessaúde a um negócio com projeção de 3 bilhões de dólares por ano.

No Brasil, claramente podemos ver que a telessaúde pode melhorar a abrangência do atendimento no SUS, chegar a populações nesse país continental que não tem atendimento básico de saúde adequado. Nas grandes cidades, com trânsito sempre caótico, imaginar que você não precisa mais perder uma manhã ou tarde de trabalho para ir na consulta médica, levar o resultado dos seus exames isso é definitivamente uma enorme vantagem – tanto para pacientes, como para médicos, podendo aumentar a quantidade de indivíduos que possa atender.

Esse futuro da saúde, acelerado pelo COVID 19, ainda pode trazer muito mais e rápido: sistemas de inteligência artificial que podem fazer triagem de pacientes, identificar interações e medicamentos trazendo mais segurança no uso de medicamentos, gedgets que permitem monitorar seus sinais vitais, que permitam realizar em casa exames laboratoriais, de urina e até mesmo um eletrocardiograma no celular que envie direto para o seu cardiologista.

Um outro aspecto importante a notar é que a regulamentação através da lei 13.989 de abril de 2020 veio para a telessaúde como um todo e não somente a telemedicina – isso quer dizer que determinadas áreas da saúde, como nutrição e psicologia por exemplo foram amplamente beneficiadas pelo amparo legal.

No campo da psicologia inclusive vimos um aumento drástico de problemas relacionados a saúde mental, causados pelo grande big brother a que fomos submetidos pelo isolamento social e lock downs. Transtorno de ansiedade, depressão (o grande mal do século), compulsão alimentar, aumento da dependência de álcool e drogas foram alguns dos grande malefícios na saúde turbinados pelo COVID-19. Todo esse cenário levou milhares de pessoas a subitamente recorrerem a psicólogos para amenizar os efeitos da ansiedade, depressão e isolamento que viviam – o que abriu uma grande procura por esse tipo de atendimento. “